ABORDAGENS CLÁSSICAS DE EXPLICAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS - Maria da Glória Gohn
PARADIGMA NORTE-AMERICANO
As ações coletivas eram analisadas, então, como reações às mudanças sociais capazes de gerar uma sequ~encia de desorganizações, contatos entre atores sociais diversos, rumores, reações e difusões de ideias responsáveis por desencadear um processo maior de enfrentamento a cada mudança percebida no corpo social. De outro lado, apesar de serem vistas como etapas que se repetem, as reações descritas não eram entendidas como atos racionais, mas como respostas psicológicas desprovidas de razão.
A abordagem clássica norte-americana não ontegravam um todo homogêneo, podendo ser diferenciadas em quatro grandes correntes, segundo separação pensada por Maria da Glória Gohn (2006)
A escola de Chicago desenvolvia seus estudos a partir da interação entre o indivíduo e a sociedade, de formar a buscar com base nesse pressuposto lei científicas que fossem capazes de compreender como a mudança social ocorria. As camadas sociais dominantes, na medida em que controlam o modo como as pessoas definem o mundo, seus componentes e suas possibilidades, tornam possível a perpetuação do seu poder.
O paradigma norte-americano procura, por meio da figura do líder, reafirmar o suposto caráter de descontrole dos movimentos sociais por meio da ênfase que concede a essa figura, cuja ausência é tida como desastrosamente ameaçadora tanto ao movimento cem si,quanto às pessoas que o integram.
2. TEORIAS SOBRE AS SOCIEDADES DE MASSAS
Em comum, os autores que dedicaram à teoria de massa enfocaram a compreensão de comportamentos coletivos, conectados a diferentes processos de carências, privações ou opressão, cujo desenrolar levaria à perda de referência do conceito de ordem social, abrindo precedentes para episódios de ausência da razão crítica capazes de conduzir, desse modo, à violência.
Segundo Maria da Glória Marcondes Gohn, tais contextos costumam ser pautados pelo desvirtuamento da democracia, pela perda do controle por parte das elites e pela limitação de alternativas viáveis à população em geral frente a um cenário de crise, características comuns em regimes totalitários.
3. TEORIAS QUE ARTICULAVAM CLASSES E RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO ( ANOS 1960)
Os movimentos sociais possuíam íntima relação com as questões político-partidárias, o que envolvia aspectos como o comportamento dos eleitores, a mobilização partidária e o poder político dos diferentes grupos alocados em sociedades diversas, das eleites ao operariado. Para ser alçado à condição legítima de movimento social, uma articulação coletiva precisava apresentar cinco características essenciais: consciência de grupo; sentimento de pertencimento grupal; solidariedade; identidade; e abertura para expandir-se internacionalmente, sem que se restringisse a um único limite territorial. Todas essas características estariam ligadas, em últimas instância, ao descontentamentos dos indivíduos organizados com a ordem social vigente e com a tentativa de mudança dessa ordem, especialmente no que se refere à presença de regimes políticos, autoritários e totalitários, que pudessem gerar por meio da repressão, a desintegração social.
4.TEORIAS FUNCIONALISTAS
O MODELO EXPLICATIVO DEO FUNCIONAMENTO SOCIAL procurava demonstrar que não existe sociedade isenta de conflitos, isto é, em absoluto equilíbrio, já que os valores e normas culturais são permanecem os mesmos e nem completamente integrados no decorrer da passagem do tempo. O movimento social na teoria funcionalista é externo, pois emerge à medida que surgem mudanças sociais, que, por sua vez, gerariam tensões entre o sistema que controla e aqueles que são oprimidos, desencadeando, então, diferentes formas de tensão. Tendo a tensão atingido níveis máximos, haveria mobilização social e a busca pela criação de uma nova instituição, levando, assim, à mudança da sociedade.
ABORDAGENS CONTEMPORÂNEAS DE EXPLICAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
1- TEORIA DA MOBILIZAÇÃO DE RECURSOS
Essa corrente teórica compreende os movimentos sociais não como a expressão irracional de insatisfações individuais não canalizadas pelas instituições, mas como mobilizações sociais com sentido e organização, articulados a partir da burocratização da atividade política, isto é, mobilizações coletivas especializadas que administram recursos materiais (financeiros e infraestrutura) e humanos (ativistas e apoiadores), bem como coordenam ações específicas a uma causa com base e estruturas comunitárias preexistentes.
2- TEORIA DA ESTRUTURAÇÃO SOCIAL
Anthony Giddens, segundo estudos de Felipe Dutra Asenci, articulador da teoria da estruturação social, compreende as mudanças sociais como um produto das atividades dos seres humanos, cujas ações individuais cotidianas moldariam a dinâmica da vida social, sem que isso concorresse, contudo, de maneira intencional. Sob a perspectiva de Giddens, a vida social não corresponderiam à ação de leis históricas nem sob a ditadura do coletivo, mas seguiria seu rumo de forma descontinuada e episódica por meio de uma constante relação entre indivíduos e estrutura, essa última definida como elementos normativos e códigos de significação que regem um dado corpo social por meio de práticas padronizadas e de ocorrência regular.
Após leitura das teorias clássicas sobre Movimentos Sociais acessar a página atvidades do módulo 2